Adeus às Dentaduras

Dra. Valdenize Tiziani

Tudo indica que a ciência está acenando em socorro das pessoas banguelas e desdentadas. As incômodas pontes e dentaduras brevemente serão coisa do passado.

Pesquisadores do Instituto Forsyth, em colaboração com a Harvard School of Dental Medicine, em Boston, usaram técnicas de engenharia de tecidos para regenerar coroas de dentes de mamíferos, contendo dentina e esmalte. Este feito poderá, um dia, levar à substituição biológica de um dente perdido.

O estudo

Os pesquisadores coletaram células de dentes imaturos de porcos e as semearam em uma forma de polímero biodegradável, que foi então implantada no abdome de ratos de laboratório. Em trinta semanas, coroas dentárias pequenas foram formadas. As coroas continham a dentina (uma camada parecida com osso), células que secretam a dentina (odontoblastos), células que formam o tecido mineralizado que cobre as raízes dos dentes (cementoblastos), a polpa (região vascularizada do dente) e o esmalte (revestimento brilhante dos dentes).


Relevância

Nos Estados Unidos, as estatísticas mostram que os adultos acima de 50 anos têm, em média, 12 dentes perdidos, incluindo os dentes do siso. No Brasil, não dispomos de estatísticas, mas acredita-se que o problema possa ser bem mais significativo. A perda de dentes pode gerar problemas com a aparência, nutrição e de saúde, de um modo geral.

Implantes

Uma outra alternativa para substituir dentes perdidos é os implantes de titânio. Apesar de serem convidativos em comparação com as próteses temporárias, os implantes podem gerar complicações como absorção óssea e inflamação quando infeccionados. Um outro agravante é que, à medida que a pessoa envelhece, estes implantes não acompanham os movimentos naturais dos maxilares.

O futuro

Idealmente, um dente substituto deve ter as mesmas propriedades de um dente original: tamanho, cor, formato, adaptação aos demais dentes, acompanhar os movimentos do envelhecimento e permanecer por toda a vida da pessoa. A pesquisadora Pamela Yelick, líder da equipe, acredita que os experimentos permitirão que no prazo de dez anos, um dente perdido possa ser regenerado a partir de células da própria pessoa. Então, poderemos dar o adeus definitivo às dentaduras postiças.

Para Saber Mais

Forsyth Researchers Generate Mammalian Teeth. News Release, Sept. 2002 (em inglês).


Valdenize Tiziani, Ph.D.
Pró Reitora de Pesquisa e Pós Graduação
Universidade Estadual Vale do Acaraú
Sobral, CE
Pesquisadora Convidada, Forsyth Institute
Harvard University, Boston, EUA.
03.Jan.2003
Imagem: Instituto Forsyth

vtiziani@mpcnet.com.br


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