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Dr. Jorge W. Magalhães de Souza
Síndrome de Barlow, Válvula Mitral Flexível, Síndrome do Click Sistólico e Válvula Mitral Mixomatosa. Causas É a alteração mais freqüentemente observada na válvula mitral. Na maioria dos pacientes o PVM é de causa desconhecida. Em outros parece ser genéticamente uma determinada alteração do tecido conjuntivo. Uma redução na produção do colágeno tipo III é fato relatado e na microscopia eletrônica tem sido demonstrado fragmentação das fibras colágenas. O PVM pode estar associado a deformidades esqueléticas (tórax e coluna vertebral), não tão acentuadas como as vistas na Síndrome de Marfan. Também já foi descrito a acentuação do arco palatino nestes pacientes. Pode também ocorrer como seqüela de febre reumática, pós valvulotomiamitral, na doença coronária, nas miocardiopatias e em cerca de 20% dos portadores de defeito no fechamento embrionário do septo atrial chamado de"ostium secundum". É causa freqüente de regurgitação mitral (RM) que é o refluxo de sangue através da válvula (que deveria estar totalmente fechada) para dentro do átrio esquerdo. O PVM é a causa mais comum de RM mas os casos severos da patologia associada a RM são raros. Explicação Anatômica Localizada entre o átrio esquerdo (câmara superior) e o ventrículo esquerdo (câmara inferior), a válvula mitral consiste de dois folhetos que se abrem e fecham de forma coordenada para permitir que o sangue flua somente num sentido (do átrio para o ventrículo). O ventrículo esquerdo impulsiona o sangue rico em oxigênio para as artérias distribuindo-o para todo o corpo.
Esta condição produz um som estalado a ausculta cardíaca que chamamos "click sistólico". Incidência Afeta aproximadamente de 5 a 7% da população mundial (5% nos EUA), sendo mais comum no sexo feminino, sendo normalmente detectada entre os 14 e 30anos. Existe uma maior incidência em indivíduos da mesma família sugerindo uma penetração autossômica dominante (genética). Sintomas Pode não existir qualquer sintoma relacionado ao PVM, permanecendo o paciente assim durante toda a vida. As queixas mais comuns são as palpitações e a síncope (devidas a distúrbios do ritmo cardíaco), dor de cabeça (cefaléia), dor torácica, falta de ar e fadiga, sendo esta última a mais comum. Os portadores de PVM podem concomitantemente apresentar disfunção do sistema nervoso autônomo e o quadro pode se associar ao Transtorno do Pânico, a Ansiedade e a Depressão. A dor torácica é diferente da apresentada na doença coronariana pois raramente ocorre durante ou após o exercício e não responde ao uso de nitratos. O PVM pode estar associado, segundo recentes relatos, a alterações da coagulação sangüínea, sendo as plaquetas responsabilizadas pela anormalidade. Avaliação Clínica e Diagnóstico O exame do paciente revela através da ausculta cardíaca um som estalado (click), logo após o início da contração ventricular. Este fenômeno é explicado pela pressão exercida sobre os folhetos anormais da válvula durante a sístole (contração do ventrículo). Se houver regurgitação mitral associada (refluxo de sangue para o átrio esquerdo pelo fechamento inadequado da válvula ) um sopro pode ser auscultado logo após o click. A pressão arterial não é alterada habitualmente pelo PVM. O ecocardiograma bidimensional com doppler é o exame complementar mais útil no diagnóstico do PVM. Ele pode medir a severidade do prolapso e o grau de regurgitação mitral. Além disso poderá detectar áreas de infecção na válvula, espessamento anormal e avaliar a função sisto-diastólica dos ventrículos (funcionamento do coração como bomba impulsionadora de sangue). A infecção valvular é chamada de endocardite e é um (batimentos irregulares do coração). Estas podem ser detectadas pelo eletrocardiograma ou através do Holter (gravação contínua de todos os batimentos cardíacos do paciente por períodos de 24 ou 48 horas e que são analisados posteriormente). Se o paciente, mesmo com a colocação do Holter não apresentar episódios de palpitação durante o exame, novos métodos de gravação de eventos anormais do ritmo cardíaco já estão disponíveis e possibilitam flagrarmos o tipo de arritmia. Através do comando de gravação, acionado pelo próprio paciente quando sente a palpitação, (aparelhos que são colocados por 1 a 2 semanas) nos permite o posterior estudo da fita e consequentemente do que houve com o ritmo do coração durante e após o episódio de palpitação. Outro teste que pode ser usado é o estudo dos batimentos cardíacos durante o exercício físico crescente. Ele é eficaz na detecção das anormalidades acima descritas, assim como na isquemia miocárdica (doença coronariana). Auxilia também a decidirmos que níveis de exercício são seguros para opaciente. As arritmias mais freqüentemente observadas são: extrasístoles ventriculares, taquicardia paroxística supra ventricular, taquicardia ventricular, extrasístoles atriais e bloqueios átrio-ventriculares. Elas são as causadoras das palpitações e das síncopes apresentadas pelos portadores de PVM. A fibrilação atrial, se presente, aumenta as chances deformação de trombos intracavitários (coágulos dentro do coração) devendo o paciente ser anticoagulado. Complicações Podem ocorrer arritmias severas, insuficiência cardíaca, endocardite, embolias e até mesmo a morte súbita (rara). Tratamento Em muitos casos os sintomas são poucos ou inexistem não havendo necessidade de tratamento. Não há restrições a atividade física. A hospitalização pode ser necessária para o diagnóstico e tratamento dos sintomas severos. A presença de regurgitação mitral (insuficiência) pode levar a hipertrofia ou dilatação do coração (o músculo cardíaco necessita desenvolver maior força contrátil com a piora progressiva da RM, já que parte do sangue reflui para o átrio esquerdo) e aos ritmos anormais. Como conseqüência os pacientes portadores de PVM com RM devem ser avaliados semestralmente ou anualmente. Desde que a infecção da válvula (endocardite) é cerca de 3 a 8 vezes mais freqüente nos portadores de PVM com RM do que na população em geral, é uma séria complicação nos pacientes portadores desta afecção e por este motivo dev Os pacientes com prolapso severo, arritmias, síncopes, palpitações significativas e dor torácica podem se beneficiar com o uso dos beta-bloqueadores como o atenolol, o metropolol e o propranolol. Nos pacientes que não toleram este tipo de medicamentos podem ser usados os bloqueadores de cálcio como o verapamil e o diltiazem. O reparo cirúrgico da válvula ou sua troca melhoram os sintomas. A cirurgia pode ser necessária quando há disfunção ventricular, sintomas severos ou se as condições do paciente evoluem para deterioração. Se as complicações existem, outros fármacos como a digital, vaso dilatadores, diuréticos e anticoagulantes podem ser indicados. Os pacientes portadores de PVM devem ser monitorados regularmente por um médico. Prognóstico Varia na dependência das condições concomitantes ao PVM. Possui curso geralmente benigno e sem sintomas. Quando sintomático é controlado pelo uso de medicamentos e, nos casos mais graves, a cirurgia valvular, cada vez mais precoce hoje em dia, é indicada evitando-se as complicações. Dr. Jorge W. Magalhães de Souza - Clínica Médica - Rio de Janeiro - RJhttp://www.geocities.com/HotSprings/1613
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