Atividade Física e Saúde 

Dr. Cornelis Johannes van Stralen
Dra. Maria Aparecida Andrés Ribeiro

Atualmente, como conseqüência das mudanças nas condições de vida e de trabalho, poucos praticam atividades físicas. As pessoas se deslocam utilizando o transporte coletivo ou o próprio carro. No mais das vezes, devido à natureza do serviço que executam, passam horas e horas sentadas. Isto também acontece durante o lazer: sentam-se qnando vão a um barzinho, um cinema ou quando diante da televisão. Nos shoppings, os jovens sentam-se por muito tempo nas praças de alimentação ou ficam encostados nos corredores. Comportando-se dessa forma, a maioria das pessoas se exercita ou caminha cada vez menos, geralmente com a desculpa de que não tem tempo. 
        
Sabidamente, a falta de atividade física traz conseqüências negativas para a saúde. Por isso, muita gente chama a atenção para a necessidade de se fazer caminhadas, praticar esportes ou ginástica.

As doenças de ontem e de hoje

Não é certo dizer que as atuais mudanças nas condições de vida e trabalho trouxeram apenas conseqüências negativas a saúde. Pelo contrário: ela foi largamente favorecida. Basta verificarmos a queda nas taxas de mortalidade e o aumento da expectativa de vida, resultantes da melhoria geral das condições de vida (alimentação, moradia, vestuário, transporte) e das condições ambientais (disseminação do saneamento básico: rede de esgotos, água canalizada, coleta de lixo), o que diminuiu em muito o número de pessoas que morrem ou adoecem por causa de doenças infecciosas. O crescente número de crianças e adultos vacinados também contribuiu de modo significativo para esse resultado. Conseqüentemente, as pessoas hoje em dia vivem mais. 
        
E não é só isso: as pessoas também estão morrendo por motivos diferentes daqueles do passado. Antigamente, as doenças infecciosas e contagiosas - como a tuberculose, as diarréias e até as epidemias de gripe - eram as causas mais importantes de morte. Hoje, predominam as chamadas doenças crônico-degenerativas, como as doenças do coração e das coronárias (o infarto, por exemplo), os acidentes vasculares cerebrais (derrame), a hipertensão, o câncer, o diabetes. E cada vez mais pessoas morrem por causa de traumas e da violência nas cidades (acidentes de trânsito, homicídios, etc.). 

Os novos fatores de risco

Os especialistas chamam a atenção para o fato de que os fatores mais importantes para a promoção da saúde são as melhorias do ambiente físico e social, e as mudanças no modo de vida pessoal. Assim, apontam três grupos de fatores que, nos tempos atuais, podem levar ao aumento das doenças ou gerar melhorias da saúde:
  • Os fatores biológicos (idade, herança familiar ou fatores genéticos)
  • Os fatores relacionados com o ambiente físico (ar, clima, temperatura, qualidade da água, radiação, etc.) e com o ambiente social (condições de trabalho, condições sociais, vida afetiva, etc.)
  • Os fatores relacionados com o modo de vida pessoal (alimentação, atividade física, drogas, comportamento sexual, etc.)
O aumento do número de óbitos como conseqüência de doenças crônico-degenerativas tem muito a ver com o nosso modo de vida, pois estão diretamente relacionados com o excessivo consumo de álcool e fumo, com a falta de atividade física, com a alimentação inadequada (ingestão de muita gordura animal e excesso de sal) e com o aumento da tensão e ansiedade. 
        
Uma forma de se verificar como o modo de vida determina a tendência a adoecer é o estudo dos fatores de risco, elementos que podem causar determinadas doenças e até levar à morte. Os cientistas descobriram que mais da metade dos fatores de risco das mortes por problemas cardíacos relacionam-se com características presentes na vida moderna. Esse moderno modo de viver é também a causa da metade dos casos de morte por acidentes vasculares cerebrais, e de mais de um terço dos fatores determinantes de casos de câncer. 
        
Além disso, as doenças hoje predominantes estão muito interligadas: por exemplo, a hipertensão é importante fator de risco para os acidentes vasculares cerebrais e as doenças de coração. 
        
Qual é, então, a melhor maneira de prevenir as doenças crônico-degenerativas e promover a nossa saúde? Se você respondeu que é reduzindo ou eliminando de nosso dia-a-dia esses fatores de risco, acertou!

Os benefícios da atividade física

Não resta dúvida de que a atividade física regular beneficia a nossa saúde, pois reduz o colesterol, a taxa de açúcar no sangue e, ainda, fortalece os músculos e as articulações. Propicia, ainda, os seguintes benefícios:
  • reduz a tensão e ansiedade; 
  • ajuda a controlar o peso;
  • ajuda a combater a osteoporose, ou seja, a fraqueza dos ossos provocada por perda excessiva da massa óssea;
  • ajuda no controle da hipertensão;
  • ajuda a combater os problemas do coração;
  • ajuda no controle do diabetes.
No entanto, para que realmente tenhamos a totalidade desses efeitos benéficos precisamos também manter uma alimentação adequada, bem como evitarmos, dentro do possível, situações de tensão e ansiedade. 
        
A atividade física saudável é aquela feita com prazer, sem exageros, realizada pelo menos três vezes por semana. Comumente, a caminhada e a prática de esportes - como a natação e o ciclismo - são os meios mais indicados.
        
A alimentação saudável é pobre em gordura animal, tem pouco sal e açúcar e é rica em fibras vegetais - frutas, verduras, legumes, cereais integrais, carne branca (de frango ou de peixe), leite e seus derivados, desnatados ou semidesnatados.
        
Para o controle do estresse e da ansiedade recomenda-se o descanso e o lazer, além da própria atividade física, bem como evitar correrias, tensão e/ou competição tanto no trabalho como na vida cotidiana.
Querer é poder?
        
A medicina ensina que "se o seu objetivo é viver bem, com saúde e prazer, é preciso fazer as escolhas certas". Se você vai ou não praticar esportes ou fazer caminhada, se vai ou não deixar de fumar e de beber, isto depende unicamente de sua vontade e consciência. Porém, estas opções nem sempre dependem apenas de nossa vontade individual. Há situações em que a prática de atividade física é mais uma imposição do que uma decisão em favor de uma vida saudável. Carregadores de caminhão, serventes de obra e cortadores de cana, entre outros, praticam diariamente atividades físicas tão pesadas que podem vir a ter a saúde prejudicada. Há pessoas que, por não ter dinheiro para a passagem, praticam sem perceber uma atividade física saudável, como a caminhada para a escola ou o trabalho. 
        
Em outras circunstâncias, a possibilidade de fazer exercícios físicos é muito restrita. Quem trabalha o dia inteiro, enfrenta filas e ônibus cheios, só quer saber de descansar quando chega em casa; uma professora que dá aulas em várias escolas, por exemplo, e que ainda cuida de sua família ao retornar do trabalho pode até estar realizando uma boa atividade física, mas num momento em que já está cansada demais. 
        
Geralmente, as pessoas que caminham, pedalam, fazem ginástica ou praticam esportes em escolas, clubes, academias e praças são aquelas que possuem uma melhor condição socioeconômica e habitam em bairros onde há praças e até pistas para caminhadas. Tendo bom nível de escolaridade, sabem que uma vida saudável exige a prática de atividade física regular, uma alimentação boa e sem excessos, o abandono do hábito de fumar e, ao beber, fazê-lo com moderação. Se assim não procederem, é porque realmente não querem.
        
Os adultos ou idosos - que geralmente passaram a vida sem caminhar ou praticar esportes - são mais resistentes às mudanças de hábito; para eles, a prática de exercícios físicos dependerá de grande força de vontade, pelo menos inicialmente.
        
Atualmente, a sociedade e o poder público têm estimulado a prática de exercícios físicos para todas as idades. Entretanto, isto poderia ser ampliado com algumas simples contribuições, por exemplo:
  • os professores e os agentes comunitários podem ajudar as pessoas a perceber como é importante fazer atividades físicas regularmente;
  • as empresas podem criar oportunidades para que seus empregados pratiquem exercício físico nos intervalos ou mesmo durante a jornada de trabalho;
  • o poder público e outras entidades poderão construir praças, quadras de esporte e pistas para caminhada ou bicicleta em bairros pobres, tanto nas cidades pequenas como nas grandes;
  • a sociedade e o poder público podem melhorar as condições de trabalho e os salários, diminuindo ou acabando com a necessidade de emprego duplo e com as horas excessivas de trabalho, permitindo aos trabalhadores maiores oportunidades de folga e lazer.

Para Saber Mais


Convênio: Ministério da Saúde/Fundep – Universidade Federal de Minas Gerais 
Programa VIVA LEGAL/TV FUTURA
Reproduzido com Permissão

Uma realização: Núcleo de Informática Biomédica
Todos os direitos reservados. Reprodução proibida.