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Alternativas à Medicina

Prof. Dr. Renato M. E. Sabbatini

O bastião da medicina ocidental , baseada no método científico, está sendo atacado, há um certo tempo, pelas correntes da assim chamada medicina alternativa. Este é um termo bastante geral, que abrange um conjunto muito amplo de movimentos, que têm em comum entre si a refutação do entendimento racional dos fenômenos da doença. Segundo um levantamento recente, existem mais de 650 correntes de medicina alternativa, que vão desde curas baseadas em preceitos religiosos sectários, magia e ocultismo, até o uso de métodos pseudocientíficos, quase científicos ou ainda não inteiramente comprovados cientificamente (homeopatia, acupuntura, etc.). Alguns chavões já se tornaram bastante conhecidos do público em geral, tais como aromaterapia, canalização, cromoterapia, florais de Bach, regressão à vidas passadas, cirurgia psíquica, toque terapêutico, e outras bobagens do gênero. Alguns terapeutas chegam ao cúmulo de misturar vários métodos em um mesmo paciente (alguma coisa tem que funcionar...). Algumas abordagens são até mesmo patenteadas por seus inventores.

A maioria dessas correntes alternativas é claramente supernaturalista e mística. Supernaturalismo é a crença em entidades ou forças desconhecidas da natureza. Misticismo é a crença em realidades acessíveis apenas através da experiência subjetiva. Um exemplo de supernaturalismo é a crença no poder curativo dos cristais. Um exemplo do misticismo é a cura pela imposição das mãos.

A medicina alternativa é mais próxima da religião do que da ciência, pois envolve a fé de seus praticantes em determinados mecanismos. Isso contrasta muito com a medicina científica, na qual o diagnóstico e a terapia evoluem de acordo com o nosso conhecimento sobre as causas das doenças, e seguem as máximas do método científico, ou seja, as leis e teorias são continuamente modificadas em virtude da demonstração de novas fatos e verdades científicas. Já a medicina alternativa se caracteriza por uma notável credibilidade de seus praticantes, que curiosamente, parecem a famigerada velhinha de Taubaté do humorista Luiz Fernando Verissimo, ou seja, não contestam nada, e tendem a acreditar em tudo. Quanto mais exótico e fantástico, melhor ! Normalmente, aliás, as crenças dos adeptos da medicina alternativa desafiam diretamente a lógica e a razão, e os achados científicos, quando existem, são tênues e discrepantes. Basta ver, por exemplo, o princípio b&aacut infundadas. Ela transborda de asneiras teóricas. Em sua extensa “floresta encantada” de animismo, as idéias são selvagens, as palavras têm poderes mágicos, a doença é uma oportunidade educacional, o impossível é um desafio, a adivinha&ccedi


Publicado em: Jornal Correio Popular Campinas,
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