Escabiose e Pediculose
(Sarna e Piolho)

Dr. José Veloso Souto Júnior
Dra. Maria Aparecida Andrés Ribeiro

Quem nunca teve em sua família uma criança com piolho ou sarna?

Quem nunca viu crianças ou adultos coçando os braços, a barriga ou os tornozelos até sair sangue? Quem nunca viu uma mãe passar, pacientemente, o pente fino na cabeça de seu filho, em busca de lêndeas ?

Escabiose e pediculose, essas palavras, aparentemente estranhas, são apenas os nomes científicos da nossa tão conhecida sarna e do tão familiar piolho. E porque será que em nosso meio eles são tão comuns, já que quase todos nós tivemos uma experiência pessoal ou próxima? 

Sua ampla difusão resulta do fato de que, hoje em dia, os pequenos parasitas causadores da escabiose e da pediculose infestam não apenas o Brasil, mas vários países do mundo. São fartamente encontrados nos locais onde habitam pessoas com condições socioeconômicas e higiênicas precárias. No entanto, também podem associar-se aos animais domésticos. Ao se transferirem destes para a espécie humana, podem funcionar como transportadores ou vetores de outras doenças. 

A escabiose ou sarna

A sarna ou escabiose é uma doença da pele bem característica, facilmente reconhecida pelas donas de casa e mães experientes. 


Sarcoptes scabiei, o inseto causador da sarna

  • Como se pega
A transmissão ocorre por contato pessoal, e também pelo compartilhamento de roupas de cama e de colchões infectados pelos parasitas causadores da doença. A sarna não escolhe sexo, raça ou idade. A falta de higiene pessoal e habitacional facilita a proliferação dos parasitas.
  • O quadro clínico 


Os parasitas que causam essa doença escavam túneis muito finos sob a pele, nos quais depositam seus ovos. O principal sintoma caracteriza-se por intensa coceira nos locais da pele em que há parasitas; a coceira piora à noite e, geralmente, há mais de uma pessoa com o mesmo problema na casa. As regiões mais atingidas são as dobras do corpo, ou seja, os espaços entre os dedos, as axilas, as dobras dos braços, atrás dos joelhos e orelhas, a cintura, as nádegas, embaixo das mamas, os genitais, o pescoço e os pés. O quadro pode complicar-se com infecções secundárias na pele, devidas, principalmente, ao ato de se coçar com as unhas sujas.

  • O tratamento 
Devem ser tratados tanto o paciente quanto as pessoas que fazem parte de seu contato direto, procurando-se incluir neste tratamento a fonte inicial do contágio.

Nos serviços de saúde é facilmente encontrado o medicamento mais indicado. É importante observar que, em crianças de até três anos, o parasita pode ser também encontrado no rosto e couro cabeludo, regiões onde o tratamento deverá ser feito. Nos casos de infestações intensas e de várias pessoas da casa apresentarem os sintomas, é recomendada a fervura da roupa de cama e de uso, enquanto durar o período de coceira.

A pediculose ou piolho

Existem vários tipos de piolhos e todos eles causam lesões de pele nos diversos locais do corpo onde proliferam. Eles podem também se tornar vetores de doenças infecciosas como o tifo exantemático e a febre recorrente. 

  • Pediculose do couro cabeludo 
É ocasionada por um tipo de piolho que tem preferência por alojar-se no couro cabeludo, produzindo coceira intensa. É mais facilmente reconhecido pela observação de suas lêndeas ou ovos, que são pequenos corpos brancos fixados aos cabelos e que se deslocam ao longo dos fios. As lêndeas usualmente são retiradas dos cabelos com as mãos ou com pente fino.
 
Piolho adulto fêmea
Ovo de piolho preso ao cabelo
Piolho jovem (ninfa)

Escoriações e infecções secundárias no couro cabeludo podem ocorrer, principalmente nas crianças, em função do coçar com unhas sujas.

O tratamento consiste na lavagem do cabelo com shampoo de Benzoato de Benzila, passando depois um preparado de água com vinagre, conforme explicado no vídeo do Viva Legal.

  • O piolho corporal
Existem tipos de piolhos um pouco maiores que os do couro cabeludo e que vivem na região entre os ombros, na axilas e nádegas. Eles ocorrem principalmente em pessoas de nível higiênico precário.

Há ainda o piolho vulgarmente chamado de chato, que é menor e mais achatado que as variedades anteriores. Aloja-se preferencialmente entre os pelos pubianos e sua transmissão é geralmente venérea. Pelos de outras partes do corpo podem ser atingidos. 

No tratamento de ambos também é indicado o sabão ou o shampoo de Benzoato de Benzila.

A prevenção da sarna e do piolho

Como vimos, a escabiose ou sarna e a pediculose ou piolho são duas doenças parasitárias muito conhecidas em nosso meio e que afetam a pele e o couro cabeludo, principalmente das crianças em idade escolar.

Fáceis de serem identificadas por pessoas experientes, podem ser tratadas com certa facilidade, desde que se obedeçam as instruções de tratamento recomendadas pelos profissionais de saúde.

É possível prevenir a ocorrência da sarna e dos piolhos a partir de medidas simples, a serem praticadas amplamente pelas pessoas da comunidade. Estas medidas são:

  • A melhoria das condições de higiene corporal e habitacional;
  • O tratamento precoce dos doentes e de quem tem contato com eles;

  • O tratamento da fonte da infecção.


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SÉRIE 1 – 98/99 – Educação em Saúde 

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